Muita da gente mais nova não saberá que Salazar raramente saía dos seus aposentos desde que entrou para as lides da governação do país de 1926 até 1968. O homem criou uma polícia secreta que impunha respeito ás próprias forças de segurança e temor aos cidadãos. Apesar disso não saia do gabinete de trabalho e nas excepcionais ocasiões em que o fazia só se sabia no dia seguinte. Os ditadores têm medo, mesmo quando protegidos pelos meios de defesa que eles próprios geram.
Mas o que dizer se em democracia um representante da Nação se escusa a deslocar-se a uma cerimónia programada a uma escola, porque as suas fontes lhe dizem que irá ser recebido com desagrado, e possivelmente com vaias?
Na cidade de Guimarães, este alto dignitário aquando da abertura da cerimónia nesta cidade como Capital Europeia da Cultura, sofreu as consequências da sua atitude miserabilista a propósito das suas “parcas reformas” em resposta dada a jornalistas alguns dias atrás, tão reduzidas que prefere viver delas do que com o vencimento de Presidente da República, com um coro de assobios de que não se lembrava desde os tempos em que foi 1º Ministro.
No local para iniciar o “Roteiro do Futuro”, os jornalistas não tiveram acesso ao Presidente para fazerem perguntas. Como vai ser no futuro? Continuar a abrigar-se no meio do seu “staff” com receio de ouvir protestos a substituir as palmas e sorrisos, diria eu de circunstância (nem todos)? Não gosta desta democracia? Eu não gosto é da outra!