Viver é andar a percorrer uma estrada com curvas tortuosas, subidas íngremes, descidas abismais e rectas longas…mas nunca com o fim à vista, a saída da estrada é sempre imprevisível. No percurso temos de contar com muitas variáveis que não controlamos e rotinas que podem ser verdadeiras armadilhas.
A vida pode escapa-se em qualquer idade. Não há ponderação possível que possa calcular quando o seu tempo vai expirar, não é como uma vela que arde sempre até ao fim se não faltar o oxigénio e não houver correntes de ar.
Esta realidade é para todos os seres vivos mas, neste momento estou a pensar nos meus amigos e amigas que já tive de quatro patinhas. Ao longo da minha vida já foram muitos. Para eles, a estrada da vida, além de todos os perigos, não é muito favorecida pela Mãe Natureza. Mesmo que consigam fazer o percurso até ao fim este sabe a pouco relativamente aos seus amigos humanos que sofrem com as suas partidas muito prematuras…sofre-se sempre e quem sabe se não mais quanto mais velhinhos morrem…o sofrimento das partidas são angústias imprecisas, confusas, porque a dor da separação que se sabe sem retorno é insuportável.
O primeiro amigo chamava-se Joli, o segundo Rex e assim foram sucedendo-se uns aos outros. Já não me lembro dos nomes de alguns, (Rex, tive dois, o segundo e o antepenúltimo. O primeiro foi muito feliz porque teve três companheiros, eu e dois irmãos ainda crianças e um grande espaço em terra e relva para brincar. O segundo eu já era adulto e com responsabilidades de pai, o que fez toda a diferença. Quis a pouca sorte que o seu fim de vida chegasse nuns dias de rigoroso inverno e que a sua morte tivesse de ser assistida para terminar com o seu sofrimento.) não por ter gostado menos deles, mas talvez porque as fases da minha própria vida terem ciclos e disponibilidades diferentes.
Há relativamente pouco tempo ( o tempo pode ser uma eternidade muito dura ou uma passagem tão boa quão breve, depende do estado da nossa alma) vivi mais um momento amargo, a vida é assim feita de momentos que se sucedem e nos vão serenando ou agravando a angústia, que foi a perda da minha amiga Luna. Disse o poeta João de Deus:
“A vida é sonho tão leve, Que se desfaz como a neve, E como o fumo se esvai, A vida dura um momento, Mais leve que o pensamento, A vida leva-a o vento, A vida é folha que cai!”
Todos os animais têm as suas vidas com maior ou menor longevidade, tal como os humanos pelas mesmas razões: doenças precoces, acidentes profissionais (há muitos animais considerados irracionais que são escravizados e trabalham mais do que os humanos) ou circunstanciais. Os humanos podem ainda ter uma vida mais curta porque a inteligência, que é o que os distingue dos restantes animais, por vezes os leva a um fim voluntário por considerarem que já não têm condições para viver, condições subjectivas, porque pensam…e o pensamento às vezes leva a um sofrimento atroz, e tal como uma doença auto-imune se destrói.
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