Solidão no Desterro
Em vão tenho esperado que a minha mente volte à normalidade… em vão… e assim sou obrigado a escrever coisas mórbidas e repetidas, eu não queria, mas sou obrigado…
O pântano continua a atrair-me e o lago a enojar-me. Que hei-de fazer ?
Mais do que nunca me sinto cadáver sem rumo, sem morte,
sem descanso, sem "vida", sem sorte.
Oh, cadáver que gira…que gira, sem infinito ou fim.
Assim é que eu vivo, longe de mim,
dentro de mim.
Sonho no Verão com noites de Inverno e a sonhar
vou encarnar
personagens de Edgar Allan poe:
vivo num castelo tenebroso, assente em rochas
dentro do mar
e tenho a luz das tochas
por Luar.
Risadas macabras de seres invisíveis, rostos sem carne, de olhar ausente,
é tudo o que eu ouço e vejo no presente.
Presente sem passado, antecipação do futuro.
Quero lembrar-me do que fui.
Tudo é vago e longínquo nesse tempo tão recente.
Não, o que fui jamais serei…o meu futuro é o presente.
Diz-me o espelho que o meu rosto já não é meu. Meus olhos vêem-me sem me ver.
Cansa-me não ser o que fui, revolta-me ser o que sou.
O que fizeram de mim… olho minhas pernas vejo-as descarnadas, olho meus braços vejo-os inertes e do meu peito resta a ossada…
De mim fizeram múmia e eu da múmia farei o terror dos meus carrascos.
Meu rosto é branco-pálido, meus olhos encovados são opacos…
O meu espectro há-de povoar os sonhos dos meus vampiros.
(os vampiros morreram e o cadáver renasceu há anos, agora já está mais perto da morte mas preparado!)