MEMÓRIAS para sempre
Há uma fase da nossa vida em que passamos por uma metamorfose, tal como as crisálidas e sofremos uma mutação, não morfologica, mas ao contrário das crisálidas, que na fase da transformação deixam para trás o alvéolo que as protege, nós guardamos num casulo impenetrável, nessa trama ainda mal conhecida que é o nosso cérebro, todas as emoções vividas naquela idade em que já não somos crianças mas ainda estamos a fazer descobertas e a experimentar emoções novas todos os dias e a viver com muitas fantasias e pelo meio a sofrer algumas desilusões. Se tivermos uma vida que chegue a uma idade considerada razoável, este entendimento fica ao critério de cada “juiz”, porque quase sempre ao longo da nossa existência seremos confrontados com aquele “estado de saúde que não augura nada de bom”**, e teremos um percurso maior ou menor dependendo desde a nossa genética aos acasos circunstanciais, e ao chegarmos a essa etapa da vida inevitavelmente somos puxados para trás, até à fase da metamorfose. E esse tempo persegue-nos, desassossega-nos, porque sentimos que tudo em nós está degradar-se: mobilidade, lucidez, prazer, imaginação, paixão estão a escoar-se pelo funil do tempo e a recusa, vã, em entrar nesse estreito canal aonde tudo vai desaparecer leva-nos para os anos em que éramos idealistas e gigantes na vontade de realizar todas as quimeras. Nesse tempo a perspectiva do Funil estava ao contrário.
**cirurgião Eduardo Barroso, a frase completa é: *a saúde é um estado transitório que não augura nada de bom.*